O Meu Primeiro Beijo
Não imaginas o que me aconteceu. Hoje decidi ir comprar um tecido que fizesse um bom pano de fundo para uma galeria nova e uns filmes caseiros de conteúdo erótico. A minha mãe que é modista disse-me para ir á feira dos tecidos em Cedofeita. Se não são do norte, ficam a saber que é uma rua na parte alta da baixa portuense. Digam lá que não soa fixe...!? Parte da rua é em calçada, a outra parte em alcatrão transitável de carro. Tem lojas. Muitas lojas. Alfarrabistas, livrarias, antiquários, supermercados de marca estrangeira. Lojas indianas, chinesas e de mercado justo. A bem dizer, é uma rua boa para nos deleitarmos a ver as mulheres a passear de sacos na mão. Era precisamente isso que eu estava a fazer quando a três passos reparei que uma jovem se aproximava de mim. Ainda tentei desviar-me com medo que ela viesse distraída. Não vinha. Só parou nos meus lábios, o meu rosto entre as suas mãos. O coração aos pulos. Uns segundos mais e eu tinha ficado ali para sempre. Percebi como era bela quando me fez uma carícia no rosto e sorriu ao afastar-se. Nem uma palavra. Virou as costas e andou. Vi a Praça Carlos Alberto ao fundo quando ela desapareceu. Não imaginam a vontade de correr atrás... Mas para quê? Que mais haveria a acrescentar. Nunca mais estaria tão perto. Nunca mais um beijo seria tão meu. Tão verdadeiro. Tão perdido do tempo e do espaço. Eu conheci aquela jovem. Mas não tenho nenhum conhecimento de quem é. É vermelho. O tecido é vermelho. Parece veludo mas não é. O veludo já não se arranja fácil por estes dias. É como o verdadeiro amor. Está fora de moda.
Duarte
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