quarta-feira, 1 de junho de 2011


Neblina sensorial

O nevoeiro invade-me o corpo com se isso me bastasse. Como se esta opacidade aclarasse os meus sentidos. Repassa-me os sonhos e eleva-me, diluindo-me nas arcadas do doce tormento. A sua fragrância intemporal aninha-se nas minhas têmporas e sussurra-me olhos dentro. Há gritos, lá dentro… lá fora. Esbatem-se suavemente na redoma de névoa em que me fundi. Há um brilho incerto nesta neblina que difunde os meus pensamentos. E eu… eu permaneço imóvel diante do deambular da minha memória. Há tramas que se adensam e que se deixam inventar. Que flutuam pesadamente sobre mim. Sonham-me em lareiras distantes. Na sombra da obscuridade.


Bruno Vilão

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