Há uns anos atrás, iniciava eu um novo capítulo da minha vida. Um novo desafio que levou a cruzar-me com alguém muito mais experiente. Um verdadeiro “senhor do métier”. Deste encontro, para além de uma enorme admiração com que lhe fiquei, restou aquilo que considero um valioso conselho – “O óptimo é inimigo do bom”. Era dirigido à área profissional em que nos movíamos, ele com muita experiência, eu, uma novata. Mas a verdade é que estas palavras têm-me sido úteis em todas as áreas da minha vida. Realmente, quando temos um espírito perfeccionista e exigente, obrigamo-nos por vezes a ultrapassar os nossos próprios limites, muitas vezes colocando em risco o suporte mais básico de tudo o que fazemos – a própria pessoa que o faz.
O que nos induz a ultrapassar estes mesmos limites é a visão, é sabermos que a dor física e psicológica que nos infligimos, em prol da qualidade de um evento, de um momento ou de um ideal, tem os dias contados, é passageira, por isso, obrigamo-nos a ir além… só mais um bocadinho… e nesse processo por vezes distraímo-nos colocando tudo em causa. É um pouco o que se passa com quem faz mergulho em apneia. Todos os anos, à custa de treino, os mergulhadores vão mais fundo no oceano, coleccionando metros – há quem consiga atingir os 70 metros de profundidade em apneia – um verdadeiro feito. Mas quem o faz reconhece que o grande risco é, um dia, o mergulho ser tão profundo que não permita o regresso. Assim é também com as nossas vidas. Há vários tipos de mergulhos: mergulho na apatia, no egoísmo, no prazer, no trabalho, na loucura, na mediocridade, no egocentrismo, no amor, no altruísmo… Cada um sabe de si. Independentemente das tendências de cada um, que fique este sábio conselho – O óptimo é inimigo do bom – não mergulhar para além da capacidade de regressar….
Lucinda Gray
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