quinta-feira, 7 de julho de 2011


Até onde serias capaz de ir para ser infeliz?

O que é isso do amor próprio? Onde nasce, em que glândula é segregado, em qual dos hemisférios do cérebro é pensado?
Será que o amor próprio é pensar que gostamos de nós? E porque haveríamos de gostar de nós, se nos convencemos ser tão frágeis, tão vulneráveis, tão expostos ao caos?
Por outro lado, se o amor próprio nasce da aceitação das nossas fraquezas ou das fraquezas dos outros, então, também ele é um amor fraco. É um amor em louvor ao corpo, à sua fragilidade, à doença e à ideia de que a separação realmente existe.
Ou será que o tal amor próprio é pensar que outros corpos gostam de nós? Principalmente quando os outros são aqueles de quem nós pensamos gostar.
E talvez venha daí a vontade de encontrar o amor nos outros: porque nos sentimos tão fracos e vazios nesta identificação alienígena com um esqueleto pensante, que somos impelidos a procurar justificação para a nossa existência na aprovação dos outros, igualmente fracos no seu existir só.
É tão tortuosa a mente que tenta provar a si própria a ideia de que é um corpo, que para convencer-se da sua razão, aproxima-se de alguém que literalmente inventa a partir da sua desilusão, para que no final possa culpar-se indirectamente através do outro, dizendo da pessoa sonhada que a culpada é ela, porque morrendo a traiu no final.
Assim nos livramos da culpa inconsciente que sentimos ao tentar o insustentável - projectando-a no outro que inventamos e culpamos - reafirmando que a separação existe e, se ela não funciona, é porque “eles” não ajudaram. Tamanha é a dissociação da mente que se quer à parte e até onde é capaz de ir.


DuArte

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