quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Natureza morta com diospiro
Não como pão sem sal...
(Mas sei que há quem coma. Até por precaução e receio de acidentes cardiovasculares)
O Outono é curioso, mas ainda estou à espera da chegada dos diospiros.
Atenção aos diospiros quase maduros,
têm um cheiro excessivamente delicado. Quase nada.
Prefiro cheiros tóxicos,
no início.
É uma cor linda, a dos diospíros, mas por estranho que pareça considero o verde a cor mais inusitada que existe. Dependendo da tonalidade, tanto pode ser enfadonho, como sedutor e muito luxuriante, até. Mas nunca vulgar.
O meu preferido é o verde corpulento das folhas de japoneira, quando brilham à luz das manhãs geladas de Inverno.
Não é nada fácil vestir verde.
Não é nada fácil comer um diospiro.
Roo, de roer!
Nestes dias, em que aprendi a reconhecer o verdadeiro valor dos diospiros passo algum tempo a apreciá-los. Já não os desprezo, nem um olhar sequer como dantes, são eles que me chamam,
- Olha aqui! Não gostavas, não era?
O ódio que lhes tinha!
Enojavam-me!
E agora a querer vê-los por dentro, a desmanchá-los para espreitar as entranhas, gomos e polpa viscosa, que escorre pelos dedos. Engulo-os!
Os de roer são mais contidos! Reconheço-os pela aparência, mas também por um certo recato.
O que fazes?
Roo um diospiro!
- Esta conversa toda só para escrever a palavra roo!
Iolanda Bárria
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2 comentários:
Passando pra te ler
e pra matar saudades.
Bjins entre sonhos e delírios
Bem haja pela visita! beijos pelos beijos sonhados e delirantes
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