quarta-feira, 29 de dezembro de 2010


A noite é outra coisa

As madrugadas quase não se dá por elas. Antes passasse mais tempo nelas e com elas. Mas geralmente, durmo. E a dormir como chego a saber se é madrugada, se não é madrugada?

As vozes que melhor cantam as madrugadas são as que mentem, cantando a verdade. Têm aquelas quebras, falta-lhes sono. Oiço cantar na rádio: “querem matar a madrugada… “ (lembra o Manuel Alegre…, mas não é).

Nem consigo bem dizer quanto tempo ao certo dura uma madrugada.
Não é noite. A noite é outra coisa.
É o anúncio do fim da noite. Sem ser, ainda, o fim da noite.

(quando tenho insónias insulto as madrugadas. Porque me lembram que não vale a pena insistir no sono, não tarda é manhã)

Fora isso, deixo-as brincar comigo.
(acordem-me, se me encontrarem a dormir)


Iolanda Bárria

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