uma semente à espera
como pode caber uma oração inteira
entre
as duas vírgulas do teu sorriso?
onde estava eu na manhã em que amaste
o perfume da minha ausência?
tenho tantas perguntas nodadas na garganta
e trago a voz puída
como o tapete pressa onde assentei os pés
todos estes anos
já me lembrei de percorrer os teus dedos oblongos de futuro
já me lembrei de me demorar nas falanges do deslumbramento,
uma a uma
e abraçar-me à árvore, abanar a árvore
desde a raiz
à copa caduca do tempo perdido na algibeira
da irreversibilidade, talvez assim
caísses nos meus braços, ou quem sabe voasses?
não importa, agora
cada fruto me diz que te quero.
e a fome repousa, finalmente, no desejo pluvial da semente
as duas vírgulas do teu sorriso?
onde estava eu na manhã em que amaste
o perfume da minha ausência?
tenho tantas perguntas nodadas na garganta
e trago a voz puída
como o tapete pressa onde assentei os pés
todos estes anos
já me lembrei de percorrer os teus dedos oblongos de futuro
já me lembrei de me demorar nas falanges do deslumbramento,
uma a uma
e abraçar-me à árvore, abanar a árvore
desde a raiz
à copa caduca do tempo perdido na algibeira
da irreversibilidade, talvez assim
caísses nos meus braços, ou quem sabe voasses?
não importa, agora
cada fruto me diz que te quero.
e a fome repousa, finalmente, no desejo pluvial da semente
Renato Cardoso
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