o amor
passou-se no tempo em que não havia
medo.
não havia paredes subidas.
as manhãs eram remotas como rosas.
os ontens uma mitologia condigna.
a pátria era tão labiríntica quanto
uma lágrima.
tão imprevisível quanto o ofício de
um deus.
o amor passou-se no tempo em que ainda
não tinha nome,
em que os segundos eram uma espécie de
sangue,
e a tarde podia ser uma só palavra
na órbita de uma outra palavra.
o amor passou-se neste poema para
pessoas sós,
passou-se como mera reprodução de um
tempo
em que não havia corpos, logo
corações distantes.
mas ainda assim o amor existe: mesmo sendo
um ontem, mesmo sendo uma lágrima,
mesmo sendo uma rosa esquecida
num quarto azul.
Sylvia Beirute
corações distantes.
mas ainda assim o amor existe: mesmo sendo
um ontem, mesmo sendo uma lágrima,
mesmo sendo uma rosa esquecida
num quarto azul.
Sylvia Beirute
Sem comentários:
Enviar um comentário