sábado, 29 de outubro de 2011

Crónica Benzodiazepina


Pelo menos chove

Por mais que tente, as palavras não me saem da mente, deslizando-me pelos dedos. Por mais que tente procurar outros caracteres, outras letras, outras fonéticas, outras linguagens, estanco-me sempre no local do costume. Chove. Lá fora. Cá dentro. Amortalhado por emoções que nem sequer consigo compreender. Porque não têm tempo nem espaço para desvendarem os seus próprios signos, sinais, significados e significantes. Oh embrulhada linguístico-emocional. Bem... Pelo menos chove. Cá dentro.

E, hoje, são as palavras soletradas pelos Ornatos que me esmagam como imponentes gotas de chuva, por mais que tente ensaiar outros eus e reinventar novos moldes ocultos:

Por querer mais do que a vida
Sou a sombra do que eu sou
E ao fim não toquei em nada
Do que em mim tocou

Eu vi, mas não agarrei
Eu vi, mas não agarrei

Parto rumo à maravilha
Rumo à dor que houver p´ra vir
Se eu encontrar uma ilha
Paro p'ra sentir

Dar sentido à viagem!? Oh caramba, meus caros, isso é que já é pedir demais...


Bruno Vilão

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