terça-feira, 25 de outubro de 2011
Palavras Versadas
Pontos de vista grossa
Foi hoje que a primavera floriu natureza morta. Eu vi bem
as flores a despontar no teu ar beige, os caracóis a desfazerem-se na cara
metade a percorrer as faces vermelhas do caminho.
Havia agruras e rugas no asfalto do rosto, as árvores
olhavam vergadas ao cansaço de tanta beleza
sustentavam um céu divino.
"Ainda hei-de anoitecer no amor" – dizia uma delas. E ali ficou
de pé à espera que o amante beijasse Lilith nas maçãs do rosto
na boca do inferno. O mundo caminhava sobre uma macieira;
o mundo conheceu bem Jesus:
esteve para ser a madrinha, mas Eva, a tetravó do pequeno, sabendo
que o mundo era uma macieira por parte do pai, convidou um lenhador
para-padrinho. E a árvore, o homem de mão morta era ele
longe da sedenta sede social, nunca mais
se meteu em cerimónias, nunca mais
foi a copos de água benta. Só
bebe vinho da missa negra com saber de água mineral de um fundo falso
o verde tinto de sangue de um poço lacónico.
Sempre muito casado consigo, triangula o solo com o olhar (in)temporal;
marcado na vista anémica pela paisagem pedra pomo.
E lá no céu o cúmulo do azul desbota na retina resiste
uma lágrima dor d'alma dói-que-
-não-dói; uma nuvem de descarregar pela boca
escancarada, toda a chuva na cara magoada a tiracolo.
Eu vi bem: era o Outono coroado de flores secas
rezando junto à tumba do Verão acabado!
Joshua M.
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