terça-feira, 18 de outubro de 2011
Palavras Versadas
espinha
acabámos a noite a julgar que
era a vida que tinha acabado.
acabámos a noite à procura
de coisas vulgares. despenteámos
fotografias para tentar reconhecer
quem fôramos no passado.
algumas montanhas a preto e branco
lembravam as cores antigas
do teu cabelo. noutras imagens
havia a essência de maçãs verdes
na compreensão lenta do vento através
dos arranha-céus. era o teu cabelo
a mover-se como um peixe. acabámos
a noite a julgar o amor pelos crimes
insolúveis de outrora. acabámos
o amor por estar condenado ao oceano
de peixes imperfeitos. e eu enchi-te
a carteira com palavras suficientes
para voltares para casa. dei-te
palavras para o táxi, pequenas palavras
para o encontro improvável com um
vizinho fortuito. monossílabos
de viveiro, expressões enlatadas para
matar a fome sem remorso. acabámos
a noite sem palavras e um táxi
à espera. acabámos a noite com
um futuro impossível de dizer.
como um peixe extinto a nadar dentro
da boca. esperei que partisses e corri
para as urgências aflito. tinha
este poema atravessado na garganta
Bill enGates
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