quarta-feira, 5 de outubro de 2011


Diz que é do tempo

Foi no primeiro dia de Outono. O frio teimava em não chegar. As folham insistiam em não cair. A chuva escondia-se ora lá em cima ora dentro de mim. Estava despido da sua pele própria. Disfarçado. O Outono. Tal como eu. Mas aos poucos, a estação foi avançando e foi adquirindo os seus contornos. Os contornos que lhe demarcam a unicidade. Estavam perdidos. Esquecidos desde a estação passada. Demorou a reencontrá-los. Até que o hálito morno das castanhas assadas lhe acenou. O fumo subiu, acumulou-se nas nuvens e o Outono caiu. Em cima de mim. E dentro. Cá dentro. Cá dentro de mim. Para não mais sair. Porque nunca tinha sentido o Outono assim.


Bruno Vilão

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