segunda-feira, 31 de outubro de 2011
OS CINCO SENTIDOS - O OLFACTO (I)
Um homem que cheira
É uma relação. Leveda à sombra dos restos de um odor agridoce, vagamente nauseabundo, que sugere, mais do que cheira. Pelo menos é o que ela pressente, mas não acusa.
Talvez que lhe seja difícil. O que é um cheiro, em concreto? a que cheira a dúvida?
Aproveitam a relação para armazenar poesia inatingível, no disco rígido. Divertem-se a misturá-la com textos propositadamente ordinários, de um género a que chamam ‘vanguarda corrente’! Só originais. Outras vezes, desenterram frases compridas, com palavras de ordem dos autores semi malditos, que publicam orgulhosos e à vez, no blogue. (O disco rígido e a palavra publicada…).
É nestas alturas que ele lhe parece cheirar menos. Quase nada. É um odor que também se ausenta,
" - o princípio do fim da barbárie, pelo disco rígido?"
É certo que ela ainda prefere as bibliotecas, mas desconfia daquele silêncio e de tanta oferta. Na verdade, não sabe muito bem o que suporta melhor: se um lobo camuflado num odor a cordeiro, se cordeiros dissimulados e a fingirem-se de lobos. Claro que as bibliotecas não são os locais certos para se reflectir sobre tudo isto, pois são pouco higiénicas e tresandam a cordeiro. Há alturas que lhe dá um jeitão ser masoquista.
Iolanda Bárria
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