sábado, 7 de abril de 2012
Crónica Benzodiazepina
O karma e a trindade
O que há de mais giro em relação ao karma é ele ser auto-imposto. Esse reconhecimento, só por si, já dispensaria a mulher-a-dias. O problema é que a mulher-a-dias é uma romena muito bonita e eu estou apaixonado por ela.
Por isso me custa tanto abrir mão do karma. Sem o karma não há mulher-a-dias, e isso eu não quero.
Isto a propósito de nos custar tanto abandonar os medos. É que muito do que pensamos ter conquistado nasceu precisamente desses medos, ou porque os vencemos ou porque eles nos venceram. Abrir mão do medo passou a ser sinónimo de abrir mão das nossas conquistas.
No sonho dualista, amores especiais nascem por oposição a ódios especiais e vice-versa. Sem os respectivos opostos, amor e ódio definham, o que induz mais medo no sistema, extremando ainda mais as posições, mais amor e mais ódio.
Apesar de este mundo ser uma miséria, fazemos fé de que não existe outro mundo à nossa espera, daí que tentemos a todo custo sobreviver, construindo pequenos oásis, os espaços confortáveis a que nos agarramos com unhas e dentes, abrindo trincheiras, cavando fossos em volta, algo que nos defenda das constantes ameaças, das quais os nossos sonhos também dependem.
Como foi possível ao medo, um efeito do mundo, substituir a sua causa, fazendo do mundo aquilo que agora conhecemos?
Foi tal a inversão, que se tornou fundamental a manutenção deste estado, a razão porque preferimos nunca mexer nos alicerces do mundo (o pecado, a culpa e o medo). As mesmas fontes de tudo o que existe de horrível no mundo partilham a tarefa de lhe dar causalidade, colocando-nos permanentemente perante o terrível dilema.
Se o medo não é verdadeiro, também não o é este mundo. Não pode ser.
DuArte
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