sábado, 6 de outubro de 2012

Crónica Benzodiazepina


A banda sonora do amor

Na década de 90 não havia vídeo de casamento digno desse nome que não incluísse na sua banda sonora uma música do Kenny G. Nunca cheguei a perceber se era sempre a mesma musiquinha ou se eram várias, padecendo os meus ouvidos de alguma espécie de inaptidão crónica para as distinguir. Os meus ouvidos até nem são snobs ou ecléticos. São uns ouvidos que se conformam em ouvir rock, salsa e kuduro só porque sabem que o corpito gosta e reage logo. Fossem eles ditadores e só escolheriam jazz, música clássica, violino. Não são. Vivemos numa alegre democracia. Voltando ao Kenny G., que me parece estar para a música como o Nicholas Sparks está para a literatura, não sei se ainda é rei e senhor dos agora DVD de bodas. Nesta fase, não só já não assisto a casamentos a toda a hora, como também já aprendi a arte de escapar airosamente ao visionamento dos respectivos vídeos. Tenho assistido a divórcios. A sua banda sonora é, contudo, muito diferente. Ainda assim, e passados largos anos, sempre que o meu aparelho auditivo capta as notas da dita música – ou músicas (esta dúvida ficará comigo para sempre), sou imediatamente remetida para imagens de noivos e noivas sem rosto, muito fofinhos e prestes a embarcar no primeiro avião com destino à República Dominicana.
Grande cabra, dirá o leitor que teve o Kenny G. como banda sonora ou aquele que foi de lua-de-mel para o referido destino. Muito pior dirá aquele que fez o pleno.


Missanga


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