quinta-feira, 1 de setembro de 2011


PATCHWORK

Ou tardes de Setembro à beira-mar a ouvir Summertime (versão Live) de Miles Davis, conversas (ou podem ser desconversas) com amigas do peito, mulheres que amo e amarei sempre, um café ao sol na esplanada do meu bairro, uma aula inspirada em que me sinto feliz por partilhar o que sei (mesmo que não venha nos livros), as estradas, planícies e montes do meu Alentejo, o sorriso da minha mãe, a cumplicidade com alguém, atravessar a ponte Vasco da Gama ao nascer do sol, o Natal frio da minha aldeia, um cacau quente à minha lareira, uma massagem com óleo de baunilha, o concerto dos Waterboys ali mesmo, na primeira fila, os primeiros acordes no The return of Pan, o ronronar do meu gato amarelo, um chá quente na minha varanda, manhã cedo, enrolada numa manta, uma noite perdida a fzer amor, atravessar a pé uma fronteira, a serra da Arrábida num descapotável preto, um almoço junto ao mar em pleno Inverno, sexo em pleno dia em sítios improváveis, mergulhar nua, apanhar sol no rosto mesmo que isso apresse as rugas, uma garrafa de vinho bebida a dois, dançar, dançar...

Não acabam, os momentos da minha vida que me fazem sorrir quando, nestes dias de Outono, me questiono sobre as cores do próximo retalho que vou acrescentar à minha manta.


Carmo Miranda Machado

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