sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Stand by me!
Nunca sabes, mas precisas. Não vês, mas podes sentir. Não crês e ele não existe. Crer é acima de tudo dar existência às coisas que ainda não são coisas. Começamos por crer, por tomar caminhos, e ao seguirmos a estrada do fim acabamos no início. No início é a palavra por inventar, o verbo em vias de se ecoalizar. No início, não sabemos nada e o mundo gira em torno das nossas cabeças. É tanta a nossa vontade de andar erectos, que nos espojamos na terra para sacudir a nossa bestialidade. Rodamos várias vezes sobre nós próprios até pararmos no sopé da altura toda que já percorremos.
Podíamos ser montanhas e parir, podíamos ser parturientes e nunca sair da planície – o céu é sempre o mesmo, visto de perto ou de longe. O sol é um nascituro quotidiano. Nós, nascemos às vezes, para morrermos todos os dias. Nascemos com a cabeça entre as pernas, no mais abjecto sentir. Renascemos ao denominar: a palavra é o corpo da escrita, o sangue. Vamos e voltamos, sempre em palavras, sempre em viagem. É preciso viajar para renascer, para dar corpo aos sonhos que ainda não sonhámos. Ser a viagem, a catarse escrita numa folha; ser a palavra dita e a palavra maldita. Já não importa o destino, é sempre a mesma sorte.
O Homem destila rotas e cataliza destinos: a rota é um catalizador do destino. Se seguirmos sempre a mesma rota temos de saber quem vamos ser, quando e porque estamos equivocados. Temos de saber quem nos espera e em que lugar. Se sabemos partir e escolher lugares onde parir, também somos o lugar onde nos vamos achar. E um dia achamos uma pedra tão simples, tão pura, que a água a desfaz em branco e se purifica. A água corre contra a torrente e a favor dela. O Homem, é e não é; é e nada. Tens sempre de ir quando andas em busca do que não consegues entender, tens sempre de ir para lá das ideias que te impingem no berço. Tens de partir e ficar, tens de estar contigo, tens de estar quando estão por ti.
Precisas sempre de alguém que fique por ti, contigo: nas praças, nas ruas, nas avenidas, nos montes, nos becos, nos pátios, por todos os cantos da cidade, em todas as cores da montanha...
Joshua M.
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