quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
Ao cair do pudor
O comentário da sua amiga não lhe saía da cabeça. Nessa noite não conseguiu pregar olho. Faltava-lhe muito pouco tempo para acabar a universidade com excelentes notas e sem perspectiva de emprego. Queria sair da casa dos pais e não via como. De madrugada desistiu do sono e levantou-se. Deteve-se em frente ao espelho. Era alta, bonita e dona de um corpo em excelente forma. Não seria uma top model mas sabia que os homens se viravam à sua passagem. E sabia seduzir. Gostava de seduzir. Não tinha namorado. Ia somando aventuras de curta duração umas atrás das outras. Gostava de variar. Ter sempre o mesmo namorado parecia-lhe tremendamente enfadonho. Sabia perfeitamente que, na universidade e entre o seu grupo de amigos/conhecidos, tinha fama de “puta”. Não a incomodava. Gostava de sexo, muito. E gostava de mudar de parceiro cada vez que lhe apetecia. Mas agora aquele comentário da sua amiga tinha-lhe tirado o sossego: “Se eu gostasse tanto de sexo como tu fazia render a coisa.”
Alguns anos tinham passado desde essa noite. E agora, no percurso de táxi até ao aeroporto, voltara a lembrar-se da sua amiga e daquela frase. Não podia, contudo, deter-se em recordações. O táxi parou. Ela apeou-se, acomodou-se no seu caro casaco de peles e foi ao encontro do cliente com quem iria numa viagem de negócios.
Missanga
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