quinta-feira, 8 de novembro de 2012


Correr ou não correr...

Temos seguros momentos em que tudo flui, corremos pela vida como vento forte vindo do Norte. Noutros, um nada inseguros, somos simplesmente brisa a passar morna e lenta, a correr breve e a cair onde calha, onde não cair, a morrer nos braços das árvores. Noutros ainda, somos tempestade, furor do céu em terra, ascensor em força adejando sobre todas as barreiras direito ao topo do mundo. Somos isto e aquilo e mais qualquer coisa sobre a qual nem sequer sabemos. Ou, andamos no vamos ou não vamos. Ou, não nos controlamos completamente descontrolados e nos estatelamos no disparate, por vezes. No desperdício, outras.
Apenas o tempo. Apenas o astro exercendo o mando do que somos. Sempre o podíamos ter sido. Sempre o podíamos ter feito. E não fazermos nada (do concreto inadiável): porque temos de saber de cor todas aquelas celestiais criaturas de asas e vôos irregulares; porque temos de apagar algum fogo fátuo no purgatório; porque temos de telefonar a pagar no destinatário para o tal inferno. É verticalmente, nesse interim, que cai sobre nós a hora pesada e sobrepesada – e não nos conseguimos mexer. De tal forma assim, que ficamos inermes, sem forças para lutas vitais. Sem pinga nem ensejo para o mais ténue golpe de asa. Catatónicos, no limte.
Tudo e sempre com todos os anjos mais rebeldes esbracejando ditames a nosso lado. Enquanto nós resistimos religiosamente prostrados à espera que o mundo resolva absolver-nos destes nossos pecados cruciais e nos faça um futuro. 


Joshua Magellan

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