Correr ou não correr...
Temos seguros momentos em que tudo
flui, corremos pela vida como vento forte vindo do Norte. Noutros, um nada
inseguros, somos simplesmente brisa a passar morna e lenta, a correr
breve e a cair onde calha, onde não cair, a morrer nos braços das
árvores. Noutros ainda, somos tempestade, furor do céu em terra,
ascensor em força adejando sobre todas as barreiras direito ao topo
do mundo. Somos isto e aquilo e mais qualquer coisa sobre a qual nem
sequer sabemos. Ou, andamos no vamos ou não vamos. Ou, não nos
controlamos completamente descontrolados e nos estatelamos no
disparate, por vezes. No desperdício, outras.
Apenas o tempo. Apenas o astro
exercendo o mando do que somos. Sempre o podíamos ter sido. Sempre o
podíamos ter feito. E não fazermos nada (do concreto inadiável):
porque temos de saber de cor todas aquelas celestiais criaturas de
asas e vôos irregulares; porque temos de apagar algum fogo fátuo no
purgatório; porque temos de telefonar a pagar no destinatário para
o tal inferno. É verticalmente, nesse interim, que cai sobre nós a
hora pesada e sobrepesada – e não nos conseguimos mexer. De tal
forma assim, que ficamos inermes, sem forças para lutas vitais. Sem
pinga nem ensejo para o mais ténue golpe de asa. Catatónicos, no
limte.
Tudo e sempre com todos os anjos mais
rebeldes esbracejando ditames a nosso lado. Enquanto nós resistimos
religiosamente prostrados à espera que o mundo resolva absolver-nos
destes nossos pecados cruciais e nos faça um futuro.
Joshua Magellan
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