O grande escape da mente
Sonhos são sonhos. Sonhos alimentam
outros sonhos. Também sabemos onde todos acabam. Diz-se que o sonho
comanda a vida, mas sabe-se bem para onde os sonhos nos mandam. É da sabedoria do povo que a morte é a única certeza de
quem nasce. Corre-se para longe desse destino, inventando razões e
mais razões. Tenta-se esquecê-lo de todas as maneiras e feitios.
Mas, vida e morte garantem-se e garantem o sonho que as anima. É por
isso que ninguém abre mão de morrer. Sonha-se que se morre para
poder alimentar o sonho de que se vive.
Pela mesma lógica da ilusão dualista,
quando adormecemos, está-nos destinado que um dia também haveremos
de acordar. E é precisamente nessa brecha estreita entre o adormecer
e o despertar que se encontram os sonhos, a vida como a conhecemos. A
função dos sonhos é manter-nos a dormir. Os sonhos são uma
espécie de compromisso conciliador. Eles temperam os desejos mais
absurdos, a culpa e os medos mais profundos, adocicando-os,
formatando-os nos limites do aceitável, impedindo-nos de despertar
todos suados, aos gritos, por causa das ideias loucas a que nos
permitimos.
Sonha-se para fugir à realidade dos
sonhos.
DuArte
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