quarta-feira, 14 de novembro de 2012



O grande escape da mente

Sonhos são sonhos. Sonhos alimentam outros sonhos. Também sabemos onde todos acabam. Diz-se que o sonho comanda a vida, mas sabe-se bem para onde os sonhos nos mandam. É da sabedoria do povo que a morte é a única certeza de quem nasce. Corre-se para longe desse destino, inventando razões e mais razões. Tenta-se esquecê-lo de todas as maneiras e feitios. Mas, vida e morte garantem-se e garantem o sonho que as anima. É por isso que ninguém abre mão de morrer. Sonha-se que se morre para poder alimentar o sonho de que se vive.
Pela mesma lógica da ilusão dualista, quando adormecemos, está-nos destinado que um dia também haveremos de acordar. E é precisamente nessa brecha estreita entre o adormecer e o despertar que se encontram os sonhos, a vida como a conhecemos. A função dos sonhos é manter-nos a dormir. Os sonhos são uma espécie de compromisso conciliador. Eles temperam os desejos mais absurdos, a culpa e os medos mais profundos, adocicando-os, formatando-os nos limites do aceitável, impedindo-nos de despertar todos suados, aos gritos, por causa das ideias loucas a que nos permitimos.
Sonha-se para fugir à realidade dos sonhos.


DuArte

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