sexta-feira, 16 de novembro de 2012

PALAVRA EXPERIMENTAL (IV)


MORTE NUMA LISBOA REVISITADA

A vida, é certo, / não vale a sua perda, /
mas os jovens pensam que vale, / E nós éramos jovens.

A. E. Housman

se o amor é um poeta obscuro, é a sabedoria de uma equação mal resolvida, pouco importa para nós; nós que passamos para depois do lucro divino da mão docemente sinistra, maneira de arrombar o espírito familiarmente anunciado com a alegria de agarrar o medo e tomá-lo voluntariamente como comprimido, como morte pensada, como avistamento próprio na retórica de uma cidade que soluça às portas do seu dinheiro.

e muito para além de tudo está o nosso sonho em voz alta entre febre e frio, o sonho eléctrico de uma lisboa mal revisitada, passeio para depois da semi-eficácia da morte.

e nós ainda respiramos. respiramos como se toda a respiração fosse uma pergunta. respiramos como se nos absorvêssemos.


Sylvia Beirute

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