quarta-feira, 20 de abril de 2011


Parecemos putas vaidosas, a mostrar quem tem menos foguetes nas meias

Como escrever com poucas palavras a doçura de um olhar. Como deixar espaço para os outros se sentarem ao nosso lado.
Que fazer se as ideias rasgam as páginas melhor escritas se, nas subtis sombras das letras pequenas, não podemos sentir a frescura de um final de tarde primaveril.
" - Veste a minha camisola. Senta-te aqui."
Estamos cansados de nada fazer, a correr de um lado para o outro, inventando motivos para fazer mais do mesmo. Pareceu-me uma boa ideia, a sua sugestão.
" - Vá lá! Senta-te um pouco..."
Este pedaço de calçada é motivo suficiente. A carrinha que transporta a mercadoria, abriga a desfeita que fazemos à cidade que passeia nas nossas costas. Três raparigas segredam que dois homens perderam a vergonha e namoram. Abrandam o passo e espreitam o que dizemos baixinho.
" - Sofia, Paula, que miséria não saber o que fazer com a vida. Com as mulheres que nos confessam amor desde sempre.
 - Porque não lhes ligas? 
 - Porque não sei o que dizer. Tudo me parece menos. E cá dentro..."
Um homem que não regula a mente com a destreza da maioria, pergunta quem somos. Se a carrinha é nossa e se temos um cartão de empresa. Digo que sim, que não é costume estarmos sentados assim sem fazer nada, mas o peso de erros constantes, travara a ideia de voltar para casa. O Pedro retira um cartão da carteira e pede-lhe que desenhe o mapa para sairmos desta encruzilhada. Olha para o logotipo e pergunta-nos o nome.
" - Sou o Pedro. 
 - Eu sou o Duarte."
A loucura deste homem...
" - Duarte e companhia!!!"
E afasta-se de nós, dirigindo-se a duas senhoras de idade que sobem o passeio, interpelando-as.
Não quero adivinhar mais nada. Nem as palavras que não sei escrever, nem as imagens que pinto antes de dormir. Nada parece fazer jus ao teu olhar.
" - Vamos?"
Ele desenhara um nome no cartão. Talvez até tenha razão. O louco.


DuArte

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