sábado, 9 de abril de 2011
Crónica Benzodiazepina
Sem prazer, esqueçam!
Eu e a Brígida assistimos a uma espécie de palestra sobre literatura e novos media. Corria tudo lindamente, até um dos presentes monopolizar as atenções com uma conversa gasta e entediante, do género: "o livro impresso vai deixar de existir? Estará para breve? O que acontecerá ao livro? Ohh, os tablets não têm cheiro. Ohh! vou sentir falta do papel a deslizar nos dedos. E os separadores? ou marcadores? qual será o seu destino? um museu? ... tarari, tarará, tarari, tarará...
- A ideia que temos de um livro é muito marcada pela sua forma. Isso torna-se muito claro quando o livro passa para o formato digital (e tem graça). Já pensaste nisso, Brígida? Não vejo problema algum em ler-se um ‘livro’ (será um livro?) num ecrã. De todo, não fosse dar-se o caso de os tablets ainda se encontrarem na idade da pedra quanto ao conforto e prazer da leitura. Não sabem nada sobre isso. Zero! E sem prazer, esqueçam. É o que te digo, Bri.
Neste ponto, a Brígida fez um estrondo enorme com o livro que tinha nas mãos. Disse-me:
- Acabei de esmagar um mosquito aqui com a contracapa do 'Half a Life', do Naipaul. Achas que o conseguiria fazer com um Kindle? um iPad? ou qualquer outro?
Com o meu portátil não resulta, já tentei!
Ah e digo-te mais: este mesmo 'Half a Life' (incansável) livrou-me ontem de torrar o crânio no inclemente sol da praia do Guincho. Fez as vezes do chapéu que me esqueci em casa.
A minha questão é esta e sempre a mesma: um tablet faria o mesmo?
Quando o fizer eu também vou para a fila comprar um.
Nota: (vale a pena conhecer os recentes estudos de Jakob Nielsen sobre as prestações do Kindle e do iPad)
Iolanda Bárria
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