sexta-feira, 5 de agosto de 2011
Abismo azul
Ela ia numa estrada muito branca, tão branca que chegava a ofuscar. Ia de carro ter com os amigos à praia num sítio qualquer desconhecido. O dia estava claro e luminoso com o céu pintado de um azul intenso. Ia feliz! Subitamente a estrada acabou e o carro voou sobre o precipício. Era uma arriba imensa. Lá em baixo o mar azul cintilava reflectindo o brilho do sol enquanto ela, calmamente, pensava: “Por que raio, ninguém colocou uma tabuleta a dizer que a estrada acabava ali?” Pensou também que aquele mergulho em direcção ao plácido abismo azul seria fatal. No entanto estava tranquila, enquanto voava e absorvia o mundo azul que a rodeava.
Caiu sem susto e pensou que tinha acabado de morrer, pois seria impossível sobreviver a tamanha queda. Estranhamente sentia-se viva, muito viva, enquanto o mar a envolvia lentamente e cheiro inebriante a maresia lhe despertava ainda mais os sentidos. “Acho que afinal não morri...”, pensou enquanto se soltava e se esgueirava pela janela. Ali perto barquinhos muito brancos vinham já resgatá-la das águas planas e cálidas daquele oceano tranquilo.
E então despertou, calma e serena. Pela primeira vez não acordou, em pânico, durante a queda. Talvez porque tivesse visto para onde estava a cair (ou a voar) e não fosse um salto cego, no escuro, sem saber para onde ia…
Missanga
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