sexta-feira, 12 de agosto de 2011
beijos com sentidos
estou farto deste dia sem esperança de te ver amanhã, apetece-me nascer outro dia e voltar a crescer dentro de ti, adiar todas as tarefas inadiáveis e parar de viver e viver sem destino – ser só querer viável até ao infinito de te querer, em todos os possíveis sentidos que a afeição possa conter
só…
porque me busco nas fatais delícias dos teus lábios, polpas que inebriam e embriagam como cachos de fruta colhida em vinho: sinto atear-se o êxtase que nos acende cada desejo oculto; sinto restos de sentir no rasto da nossa boca calada e consentida – e restamos apenas nós nos beijos que nos sobram, restando como réstias de ambrósia e néctar da tempestade de nos querermos e darmos em cada dar
só…
por te saber vaga no oceano e longe, mergulhei no teu mar e senti-te como polvo aventado contra a areia, envolto na espuma de cada volta da maré, em roldão até abordar às escâncaras da praia; corpo estirado em braços e pernas, músculos retesados, ardor e tentáculos cerrados; corpo ávido de trucidar a saudade de ser corpo, corpo aceso em ânsias de voltar a ser corpo – Fénix revivificada pelo fogo de cada despertar, renascida luz da manhã seguinte, sol que me anima
só...
a perene realidade do amanhã em que te quero reviver, fúria no enleio do meu corpo mergulhado contra o teu, ambos cercados um do outro, fará dos nossos corpos um corpo nosso – uno – logrado pelo sal do deleite em que adormecemos; e despertarei contigo, corpo-sorriso, corpo colado ao corpo, pela noite que nos prendeu – para reviver, em todas as manhãs, a ténue indelével imagem do sabor do nosso querer
só...
até ao fim dos dias de solidão, até que a nossa eterna lembrança seja cada vez mais real...
Joshua M.
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