quinta-feira, 1 de março de 2012

2º ANIVERSÁRIO D'O FILÓSOFO E O FANFARRÃO (II)


Sou pelas palavras

Amanheci sem palavras. E isso é como amanhecer febril, toldado por uma fragilidade compacta, enfraquecido na essência, enrolado numa espiral de vazio. Porque as palavras são o esteio que me suporta no lento alento das horas. Da mesma forma que fico descompensado com filmes de poucas palavras, asfixiado na sua ausência, e depois desenho arquitecturas frásicas de improviso, como se estivesse a sorver vogais e consoantes avulso, soltando-as sem motivo aparente. Aparente. Apare. Apre. Ar. «Tens a cabeça cheia de palavras». Pois hoje, tenho a alma cheia de soluços.


Bruno Vilão

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