Sou pelas palavras
Amanheci sem palavras. E isso é como amanhecer febril, toldado por uma fragilidade compacta, enfraquecido na essência, enrolado numa espiral de vazio. Porque as palavras são o esteio que me suporta no lento alento das horas. Da mesma forma que fico descompensado com filmes de poucas palavras, asfixiado na sua ausência, e depois desenho arquitecturas frásicas de improviso, como se estivesse a sorver vogais e consoantes avulso, soltando-as sem motivo aparente. Aparente. Apare. Apre. Ar. «Tens a cabeça cheia de palavras». Pois hoje, tenho a alma cheia de soluços.
Sem comentários:
Enviar um comentário