A mulher que eu amo é também a única que eu odeio
Talvez seja isso o amor deste mundo; ódio prensado de forma poética, ódio engolido em seco, assustado, culpado. Eu não quero engolir o meu ódio por ti. Continuas a ser a escultura mais fiel dos meus medos, a angústia, a culpada pelas coisas todas que fiz ou deixei por fazer. És a revolução que não saiu à rua, a frustração, a vida que nunca consegui ter contigo e impedi sempre que tivesses com outros. És o meu ódio mais visceral, o meu desespero, os desejos todos arremessados contra a parede. És o que de mais horrível pode um homem alcançar: a separação feita carne, o horror materializado mulher. E se me atrevo a ir mais para dentro, és a vontade de matar alguém, todos à minha volta, encher os hospitais de sangue, ambulâncias a toda a velocidade a anunciarem o holocausto. E por fim, depois de te matar, darei um tiro na cabeça. Órfão repentino do meu sustento, acabarei rendido ao destino, para nascer, procurar-te e odiar tudo de novo.
DuArte
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