Boa sorte, Cândida!
É um dia como tantos a estas
horas da manhã. A senhora do banco da frente já vai no
segundo telefonema e eu ainda agora me sentei. Era para dizer que já
vai no comboio, que a greve já era! Antes tinha falado a alguém a
quem desabafou a insatisfação com uma outra lá do trabalho, que «é
convencida demais» e que «não tem postura». A do lado também
está ao telefone e a de trás dá conta da vida: sim, a Bárbara vai
bem, está na Faculdade, lá no trabalho o costume, essa tipa é
sempre a mesma, no Pingo Doce é mais em conta. (Há
pessoas que comem farinheira mal acordam e seguem lindamente, dia
afora. Nem arrotos, nem nada!)
O comboio parou. A do lado, «hello», a olhar para o telefone.
Estou com vontade de telefonar a alguém!
A das queixas desligou e a outra: «a Cândida vai ser operada às varizes»!
O comboio parou. A do lado, «hello», a olhar para o telefone.
Estou com vontade de telefonar a alguém!
A das queixas desligou e a outra: «a Cândida vai ser operada às varizes»!
Iolanda Bárria
Sem comentários:
Enviar um comentário