Memórias de uma
novela mexicana: Eu bipolar, Ela sinistra e alguns suspeitos
Sempre gostei da vida e
continuo gostando. Essa mensagem é quase de desespero, pois muitas
pessoas que não me conhecem, as quais nunca havia visto, criaturas
que sequer conversaram comigo, ousam falar sobre mim. Não faria
importância se não atrapalhasse tanto minha vida e minha relação
com outras pessoas, logo eu que posso dizer que o ser humano me
sensibiliza. Seja com pequenos gestos de bondade, ou com algo que me
faz ver o quanto somos feitos de carne e osso, mas a alma se sabe
doída, não sou altruísta e cheguei ao ponto de sentir o sofrimento
alheio, pode até ser uma forma de egoísmo. Devido ao fato de ser
rigorosa com as palavras, não as adjetivo, não é egoísmo bom. Então fico com os termos condescendência e solidariedade
silenciosas. Hoje sei que difamação não se corrige, por mais
que façamos a coisa certa e não prejudiquemos ninguém, a injustiça
foi feita, ouço diariamente que sou doente e tenho problemas.
Trabalho, cuido de casa, escrevo, leio, estudo, tenho um alto nível
de compreensão sobre diversos textos das ciências humanas e adquiri
independência em muitos aspectos.
Atualmente, após ser
agredida verbalmente duas vezes no Rio Vermelho e ser surpreendida
por um encontro inesperado e inoportuno, com tom desafiador no mesmo
bairro, ou seja, três situações constrangedoras em pouco espaço
de tempo, quase não saio de casa (perdi o gosto). O pior de tudo
isso é não ter meu tempo de sofrimento suspenso, ao menos, por um
tempo e conviver constantemente com a má fama dita com descuido por
pessoas incapazes de enxergar com o coração e sim com a penumbra
dos olhos alheios e alheios à minha vida, e o pior, a si próprias
enquanto humanas.
A nossa sociedade
está com valores invertidos e o mínimo que podemos fazer é cuidar
do outro lhe dando chance de se tornar uma pessoa melhor. Estamos
aqui para evoluir, entretanto, depois de tudo que passamos, eu e
minha família continuamos sofrendo cada vez mais, injustamente. Já
imaginou se todos contassem o tempo todo sobre os erros de todos, de
forma leviana e cruel (ignorantes que somos sobre o todo de cada
acontecimento), como seria o mundo particular de cada um?! Ao menos,
dos que têm consciência e coração bom e optam por seguirem suas
vidas e recuperarem o tempo que perderam? De qualquer maneira, ter
muito a dizer é perder um pouco a insanidade.
Manuela Barreto (Brasil)
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