Epifania do livre arbítrio ao luar
todo o amor livre e único está
contido
num céu divinal jamais realizado
nas estrelas brancas das bolas de
cristal
tem o brilho impressionante do céu
a prata em contraste com o olhar
perdido no tempo
de uma rua sem saída para o espaço
todo o brilho do mundo se escapa e se
mede
pela fraqueza humana
por todo o lado há ínfimos tesouros
contáveis
homens e as mulheres a sonhar ser assim
como se a vida entretecida dia a dia
fosse
um quotidiano mole sem emoções
cartografáveis
e a vida nunca é
o amor único não é duplicável
o amor livre não é transmissível
não pode ser negociável em letras de
cambio amoroso nem apregoado
por cartazes de vistas breves
o amor unitário é uma prisão com
grades de vida o grito libertário
é a palavra proibida pelo pecado
originante
a mesquinha insensatez do senso
mais-que-comum
como uma praga vinda do egipto um poder
invasor
para contaminar os dias
uma calamidade absolutamente
desnecessária ao desenvolvimento
comentam os poderosos
uma medida à medida da sobrevivência
da Humanidade
escrevem-no os jornais ao anunciar o
fim de todo o amor livre e único bem
como todas as demais consequências do
decreto ditatorial
uma limpeza dos costumes uma barrela ao
corpo delito
dizem-no as bocas sujas metidas a medo
ao gritar inocências pessoais
contra o sentir à porta dos tribunais
gritam-no as vizinhas muito incontidas
consigo próprias
sempre a unicidade do amor a marcar a
estética do falar
sempre a verdade libertadora a enganar
a certeza do ser
tudo se baseia no amor em geral como tu
o sentes em particular
sobretudo em ti quando em silêncio
vago algo indefinido
quando em esforço
sobes ao querer perceber todas as faces
da lua
ao único nada brilha por fora
ao livre nada o prende por dentro
e as grades da prisão não entendem
nada de amor
as fechaduras não nos entendem sob
qualquer perspectiva
somos à hora certa o que sonhamos e
não o que desejamos
envergamos o rosto metidos numa camisa
vazia
somos uma força bruta projectada a
favor da nossa paz
e marcamos a vida de cores suaves por
ser a vida
o nosso destino inacabado está ao
virar de uma página negra
em tons de rosa esmorecida
somos a esquina que marca a rua por
onde andamos
e se aborrece
porque a fazemos esperar contra um
sujeito acabrunhado
na unicidade do amor há o sabor de
palavras cifradas
um signo por libertar teologicamente
incorrupto
um significando a ser revelado no além
dos sages
na viragem de um tempo sonhado outro
onde o amor viverá como um verbo
íntimo tão brilhante
como um néon capital
e sentiremos a palavra nos olhos
cerrados
devemos tentá-la como o que realmente
importa ao sentir
colar as pálpebras uma e outra
e submeter o olhar a um encontro de
lábios
urge reinventar a língua de olhos
fechados num beijo
para não cegar com a desdita falsidade
da luz real
só na fundura do breu abissal dos
atlantes
a única cidade onde o amor e a luz se
espelham em liberdade
se pode encher uma lua cheia
vazada num céu profundamente universal
Joshua Magellan
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