Do outro lado do espelho
Duas mentes podem concordar ou
discordar acerca de qualquer coisa. Mas, entre aquilo que elas
pensam, vêem ou ouvem, não existe, nem nunca existirá, qualquer
semelhança. Elas nunca se apercebem disso. Como poderiam, se a
imagem que têm do mundo é sempre estável, assente na firme
convicção do seu ponto de vista? O problema é que pontos de vista
são sempre relativos, e as imagens que nascem de cada um deles são
sempre diferentes. Achar que estamos a ver ou a ouvir a mesma coisa,
é uma ilusão tão enorme, tão absurdamente gigante, só suplantada
pela nossa vontade de que a ilusão seja verdadeira. E é essa fé
que nos alimenta, esse autismo incomensurável, acreditar que os
olhos e os ouvidos nos dizem o que está lá, aquilo que todos
vêem.
Se eu mostro uma foto a alguém e pergunto se ele reconhece naquela imagem a pessoa que ambos conhecemos, ele vai garantir-me que sim, e eu poderei respirar fundo porque, afinal, também é aquela a cara que eu vejo. O que eu desconheço, é que a cara na fotografia é completamente diferente na representação que cada um fez da imagem.
Acreditar que os outros vêem o mesmo que eu, é jurar a pés juntos que eles vêem com os meus olhos. Insistir nisso, argumentar sobre isso, fazer prova disso, ainda por cima, para agravar a manutenção do erro, dar-me-á sempre razão. Porque aqueles que eu vejo, concordem ou não com o que eu digo, dão-me sempre razão. Eles são, independentemente do que me pareçam, uma visão minha, definitivos e dignos de total confiança.
Se eu mostro uma foto a alguém e pergunto se ele reconhece naquela imagem a pessoa que ambos conhecemos, ele vai garantir-me que sim, e eu poderei respirar fundo porque, afinal, também é aquela a cara que eu vejo. O que eu desconheço, é que a cara na fotografia é completamente diferente na representação que cada um fez da imagem.
Acreditar que os outros vêem o mesmo que eu, é jurar a pés juntos que eles vêem com os meus olhos. Insistir nisso, argumentar sobre isso, fazer prova disso, ainda por cima, para agravar a manutenção do erro, dar-me-á sempre razão. Porque aqueles que eu vejo, concordem ou não com o que eu digo, dão-me sempre razão. Eles são, independentemente do que me pareçam, uma visão minha, definitivos e dignos de total confiança.
DuArte
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