sábado, 14 de abril de 2012

Crónica Benzodiazepina


Coisas que deveríamos aprender no berço

A minha amiga S. acha que os bebés deviam ter um iphone acoplado à chucha. Para se irem logo habituando, justifica.
Eu, menos tecnológica (ainda que comece a achar bastante piada ao iphone), fiquei a pensar que não seria má ideia se o dito aparelho trouxesse inserido uma série de lições rápidas e fundamentais daquelas que, convenientemente, quase todos os educadores omitem aos petizes.
Numa das lições a criança ia aprendendo a importância de se dizer "não" quando realmente não queremos dizer "sim". Parece fácil dizer "não". Ledo engano. Quantas vezes dizemos sim só para não sermos chatos, desmancha-prazeres ou, simplesmente, para não magoarmos alguém. Só com o tempo vamos aprendendo que muitas vezes o não é fundamental para não fazermos fretes, para que nos respeitem e, sobretudo, para não nos desiludirmos a nós mesmos.
Numa outra lição imprescindível, a criança aprenderia que tudo na vida se pode mendigar, excepto afectos. Haverá pouca coisa mais humilhante que suplicar amor, carinho ou atenção a alguém que não tem por nós tais sentimentos. Muitas lágrimas, dores e frustrações poderiam ser evitadas se nos ensinassem isto logo no berço.
Facilmente continuaria a enumerar outras aulas elementares, se realmente achasse que as devíamos aprender deste modo. Não acho. Há coisas que só a vida nos vai ensinando e outras que só a maturidade nos permite pôr em prática. O riso, a felicidade e a realização não teriam sentido se não soubéssemos também as lágrimas, a dor e a frustração.


Missanga

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