terça-feira, 10 de abril de 2012

Palavras Versadas


Uma solidão nunca está sozinha

e da decisão lancinante perpetuam

paladares enobrecidos pela vista
do ninho donde – nua – esvoaçara
;
paredes inebriadas que tecem desarmonias
entre as dores que escorrem pelo cimento
e os diapasões frios da morte dos sonhos

Espraia-se ainda uma inimiga inocência
nas prateleiras daquela falida biblioteca


onde a relva sincera crua nunca cantou
onde as ondas andrajosas jamais sentiram
onde apesar do riso o pó ditou as horas
onde o sonho não se fez ouvir
onde os pés se embaciaram na solidão
onde opúsculos suicidam a ternura
:
Nascem pontapés das nuvens embriagadas.
Mães que fizeram greve aos soluços das infâncias.
Ouvidos raiados de securas ufanas defenestradas.
Areias feéricas do mel das memórias.
Criações censuradas pelo devir anestesiado
(
uma semente não se deprime


nem os gansos se usam a dançar
nem os ventos embebem puzzles


uma solidão nunca está sozinha
)
.
 
 
Miguel Barroso

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