quarta-feira, 14 de dezembro de 2011


Quando somos...

Quando somos, somos grandes. Quando somos, podemos decidir deixar de fumar ou retomar por estupidez. Podemos mandar tudo ao ar ou decidir ficar. Entrar num bar, beber, dançar ou desatinar. Amar ou odiar. Comer ou fechar a boca. Dormir ou arregalarmo-nos sem medo da noite. Nadar ou afogarmo-nos na areia. Gastar bem, poupar mal ou crescer e conviver generosamente com o dinheiro. Quando somos, podemos abandonar casas, retornar a elas, escolher outras, imaginar algumas ou viver a céu aberto. Ouvimos a música que queremos. Dizemos ou guardamos as palavras que queremos. Podemos nada fazer por mal ou decidir fazer algo por bem. E se quisermos despir-nos? Também. E ainda podemos vestir caro ou piroso. Até podemos, quando somos, andar trajados de amianto com um isqueiro no bolso. Quando somos, somos grandes, e o que somos seremos até que nos doa ou alguém nos puxe para um lado ou para o outro.

Quando somos, somos infernalmente felizes ou infelizes.


Ana Santiago

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