sábado, 29 de dezembro de 2012

Crónica Benzodiazepina

 

Rendição 

Aprendo diariamente o difícil processo de aceitação. As coisas negativas que têm acontecido ultimamente transportam consigo uma lição profunda que me tenho recusado a perceber. Mas já é hora de ler os sinais. E eles estão, todinhos, à minha frente, aguardam leitura. Idealizei, sonhei e foi esse o meu pior erro. De que valem os sonhos quando a realidade é que é?
Só posso avançar depois de uma catarse completa. E essa, passará pelo perdão e pela aceitação. E não vou oferecer resistência a mais nada na minha vida. Por baixo da tristeza, aprendi a aceitar com serenidade. Acabaram-se os dramas. Estou plenamente consciente e, por isso, deixei de estar em conflito.
Passei por um ciclo de insucessos, em que todas as coisas se esvaíram, se esfumaram, e as poucas que pareciam resistir, começaram aos poucos a desintegrar-se. Vou deixá-las ir. Sem resistências. Não posso recusar o fluir da vida. Tenho de aceitar a natureza impermanente de todas as coisas e de todas as condições.
Já viram alguma flor infeliz? Algum carvalho com stress? Algum golfinho deprimido? Alguma rã com problemas de auto-estima? Algum gato que não relaxe? Algum pássaro que transporte ódio e ressentimento?
Rendo-me. Rendi-me. E contrariamente ao que eu pensava, agora sei que é precisa muita força espiritual para nos rendermos.


Carmo Miranda Machado

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