quinta-feira, 3 de novembro de 2011

OS CINCO SENTIDOS - O TACTO (II)


A linguagem é uma pele

Se o Barthes tiver razão, «a linguagem é uma pele»: esfrego a minha linguagem contra o outro. É como se tivesse palavras de dedos ou dedos na extremidade das minhas palavras. Mas é apenas a minha linguagem que treme de desejo. Daqui nascem todos os equívocos e toda a perversão-subversão dos sentidos.

Quando de facto tacteio, o desejo dissolve-se na ausência da linguagem na extremidade dos dedos. É apenas tacto. É apenas dedos. É apenas pele. É somente um forjar estético do desejo da linguagem.

Não me sinto tocado. Apenas as palavras tacteiam a minha pele. E permaneço como uma página em branco, de caneta quedada ao lado, desprovida de inspiração para expressar o desejo.


Bruno Vilão

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