terça-feira, 15 de novembro de 2011

Palavras Versadas


O TEMPO EXISTE COMO SE FOSSE UMA DANÇA

o tempo existe como se fosse uma dança,
há uma beleza intransigente
ao passar do dia
que se incorpora na morte
em contagem regressiva.
e então
para me iludir dei a volta à desilusão,
para me afastar dei a volta à vontade de parar,
para ser mãe dei a volta à casa das mães.
e nada se me correspondia.
a magnificência eram só palavras que
cresciam todos os dias,
a força comprimia todo o hermético,
as preferências procuravam uma condição melhor.
e tu disseste
seremos felizes como um raio de sol,
lento, iludido, magnífico;
há um rigoroso silêncio a manter,
a entrada é como uma escolha,
a forma é uma ilha que encanta demónios.
e depois um raio de sol pousou
na tua beleza intransigente,
na tua alma esperando o vento,
na dança que dissolvia o corpo no sangue.
e eu fechei os olhos
como um «muito obrigado e até sempre».


Sylvia Beirute

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