sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

SETE DIAS VEZES POESIA (IV)


Uma também recusa

(Exercício de recusa sobre a “Recusa”, de António Maria Lisboa)

É também possível durante as primeiras horas
uma importante viagem rumo ao sonho - essa
é uma das consequências
secretas
em que também não se tomaram quaisquer resoluções finais
e ambas chegaram igualmente

Também um inferno marinho de temor onde eu
Sou também um copo de aguardente francesa e tu
Uma qualquer coisa fria que me passa ao lado e não me leva

Eu também sou uma coisa qualquer
Eu sou também uma qualquer coisa
Sou uma qualquer também coisa eu
Uma qualquer também coisa eu sou
Qualquer coisa eu também sou uma
Também coisa eu sou uma qualquer

EU TAMBÉM NÃO SOU UMA COISA QUALQUER!

Eu sou um beco com (muita) saída
Eu sou a “Errata” do Fernando Aguiar
Eu sou uma curta-metragem de tragicomédia
Onde está o concreto deve ver-se um enigma
Onde estão os meus olhos deve ver-se o naufrágio dos dias
E no meu cérebro
Também há uma porta secreta minúscula


Bruno Vilão

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