Se só o presente existe...
Se só o presente existe, então, todos os instantes, passados ou
futuros, têm de estar a acontecer em simultâneo. Tinha piada se
assim fosse, aliás, tal como acontece no cinema. No cinema a
história aparece-nos no ecrã, mas aquilo que vemos são apenas
sombras projectadas pela luz a atravessar uma película. A acontecer
alguma coisa, foi antes, na cabina do projeccionista, e aí, já está
tudo previsto. Se tivéssemos vontade, poderíamos pedir ao
projeccionista, e ele mostrar-nos-ia que todos os instantes estão,
desde logo, disponíveis dentro da bobine. Se quiséssemos,
poderíamos ver o filme de trás para a frente, aos saltos, ou do
meio para os lados. Não há nada que o impeça. Aparentemente, nos
filmes, tal como na vida, a nossa escolha é a de que a história nos
seja apresentada de forma mais ou menos linear.
Isto remete-nos para uma outra questão. Quando vemos um filme, apesar de termos liberdade para escolher o que ver em cada instante, ainda assim, não podemos fugir do seu argumento. Ou seja, a história é aquela e não temos como fugir dela. Para que a história fosse outra, teríamos de pedir ao projeccionista para trocar de bobine.
Isto remete-nos para uma outra questão. Quando vemos um filme, apesar de termos liberdade para escolher o que ver em cada instante, ainda assim, não podemos fugir do seu argumento. Ou seja, a história é aquela e não temos como fugir dela. Para que a história fosse outra, teríamos de pedir ao projeccionista para trocar de bobine.
Voltando ao filme da minha vida, ao
aceitar o presente como único tempo existente, arrisco também
afirmar que, afinal, o livre arbítrio não passa pelo que decido
fazer em cada instante, mas pela escolha da parte da vida que quero
ver agora. A vida já está lá, do princípio ao fim. Para que o
argumento da minha vida fosse outro, teria de ir algures à minha
mente, trocar o sistema de pensamento que aceitei como meu, e mudar
aquilo que não me canso de projectar. Sem isso, ainda que possa
escolher o que ver em cada instante, a história de fundo será
sempre a mesma. É uma seca.
DuArte
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