No teatro da vida
A vida é de tal forma ensaiada, leia-se, formatada, que a dificuldade maior não é exercer o papel. A vida é como aqueles desenhos do Escher, fechada numa redoma, às voltas, sempre às voltas, numa escadaria sem princípio nem fim.
Nunca é por acaso que a surpresa existe, nos possíveis aplausos no final de um acto. Os cenários estão igualmente montados, o papel de fundo, a iluminação artificial. Estranha-se é que os actores não se apercebam quando por lapso vem abaixo um projector, quando na mesma cena se vêem a representar em simultâneo o papel de filho e o papel de pai.
A dificuldade só surge quando a meio do espectáculo decides mudar o teu papel.
Não estranhes se, perante o teu desejo de abandonar o palco, o encenador se virar contra ti.
DuArte
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