Acreditar para lá do que não vês
Tendo em conta que é a nossa interpretação a ditar aquilo que percebemos, poderíamos, sempre que percepcionamos algo que nos perturba, interpretar esses motivos como não verdadeiros.
Pode parecer uma negação da
realidade, mas, dado que é a interpretação a determinar a
“verdade” que cada um vê, esta atitude, reconhecida por alguns
como sendo de fuga, acaba por resumir o único poder ao nosso dispor.
E é um poder incrível.
Apesar de, no princípio, este processo
dar a sensação de nos conduzir à demência, ele limita-se a
atestar a loucura já existente. É inacreditável que, perante as
múltiplas escolhas que nos vão surgindo ao longo da vida (e da
experiência nos garantir que bater com a cabeça na parede não é
fixe), nós decidamos quase sempre em favor da separação, do corpo,
da culpa, da dor e da morte.
Paradoxalmente ou não, é o
reconhecimento de que estamos doidos varridos o principal catalisador
no processo de cura, já que é esse sentido de impotência que nos
faz abrir mão de acharmos que sabemos o que é melhor para nós, e
nos leva finalmente a pedir ajuda.
DuArte
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