O PRINCÍPIO DO FIM
Hoje. Hoje. Hoje comecei a matar-te.
Vou desfazer, bocado a bocado, cada pedaço de memória. Vou
esmigalhar a imagem do teu rosto. Vou pisar vezes sem conta as
recordações do teu corpo. No meu corpo. Vou destruir infinitamente
todos as horas, minutos, segundos em que te amei. Vou meter-te numa
caixa com fechadura e vou colocá-la num lugar inatingível onde
ninguém possa tocar e onde morrerás lentamente, lentamente, a
chamar por mim. Ou melhor, vou abrir uma cova bem fundo e enterrar-te
lá. Cobrir-te-ei então de pedaços de tudo e de nada para que não
consigas voltar a perturbar-me. Nunca. Nunca. Nunca.
Carmo Miranda Machado
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