sábado, 5 de maio de 2012

SEMANA DA LUSOFONIA (V)



Por uma realidade essencial

Na suavidade desta manhã, perco-me nas palavras que não digo. Escrevo-te, à velocidade de um raio de luz, dos meus dedos brotam sentimentos que não controlo e sobre as teclas debito frases e emoções simples, puras e sentidas.
Desde o início dos tempos que te procuro, caminhando sobre a areia da praia, tantas vezes deserta. Perdida, sem norte, por caminhos escusos e frios, por ruelas e becos, procurando-te em cada rosto que se cruza, em cada alma que se sente.
Quantas vezes o meu coração se sentiu dilacerado pela espada da desilusão, quebrado, como se de barro fosse feito. Quantas vezes a minha alma ficou vazia, forrada com fotos de uma memória que trazia, de um passado longínquo onde tu eras presença constante.
No inicio desta viagem pensei ser fácil encontrar-te, mas o tempo tentou apagar a lembrança, e as vidas tentaram esconder-te por detrás de outros rostos sem alma, e, todos aqueles que sopraram contra mim angústias e desamores, esqueceram-se que na minha alma levava gravado o perfume da tua essência.
Podemos ser diversas coisas, mas a essência daquilo que na realidade somos, a matéria inicial, nunca se perde, nunca se transforma, permanece eternamente escrita na génese da nossa alma. Por isso estou aqui, por isso tu também estás aqui, frente a frente, olhando para o fundo dos meus olhos, procurando pela essência de mim...


Maria Margarida Fallé (Portugal)

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