terça-feira, 12 de junho de 2012



O PERDÃO CEGA DENTRO DO SANGUE

O perdão cega dentro do sangue que voa
A jangada comprime-se entre o paladar justo das pálpebras
Agarro o vento entre dentes
e cuspo tratados, duendes, crenças e lágrimas cansadas

O perdão sangra acima da jangada pálida
A navegação entorna o mar dentro dum trago esventrado
Agarro o vento entre as pálpebras
e salivo dentes, capitais, poemas, aço e dores cessadas

Do teu olhar trespassa a solidão e pobreza dos deuses
e abro a boca e pandoro-nos
perdoando a cegueira sanguinária do teu estertor utópico
porque sentir só tem um sentido: de nós para nós


Miguel Barroso

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