A CAGADA DE BAIXO
III
O garoto, o Fábio, era um pouco lerdo. Tinha problemas de aprendizagem na escola, mas se fosse para a
malandragem aprendia logo, afirmava a mãe. Parece que o álcool
ancestral lhe sitiou os genes. Não desenvolve em raciocínio, é
pouco apto fisicamente, pouco sociável, obeso. Os miúdos lá da
escola bem o chamavam: “Ó gordo, anda brincar com a gente!”
Enquanto ele preferia ficar no seu recato, armado de balde e pá a
revolver a areia em volta da barraca. Já achara um anel de ouro e
várias moedas amarelas nessas obras de Verão. Tinha um emepê três, um emepê quatro,
queria um aipode e um aipede. O pê-cê estava bom, dera-o um senhor ao
pai, um doutor a quem o Esteves fizera umas obras de restauro na
casa. O homem não tinha espaço e preferia trabalhar no portátil.
Gostava de praia, gostava de areia, de molhar os pés na água e até
de se aventurar com uma prancha de bodibórde apanhando boleia da
ressaca das ondas que iam morrer no areal da praia.
O cão, o Cherreque, era tão feio e rafeiro como os donos: estava sempre à espera de uma brecha para se atirar a qualquer pedaço descuidado, aproveitava qualquer desatenção dos veraneantes para surripiar uma sandes, um naco de pão, ou uma “bola de berlim”. O “furto de formigueiro” era a sua especialidade e por mais comida que houvesse ingerido nada lhe sabia tão bem como o que subtraía aos incautos. Melhor que isso só virar um caixote de lixo e esventrar os sacos de plástico em busca de aparas, disto ou daquilo. Em resultado dessas incursões o cão sofria de desarranjos intestinais, cagava por todo o lado, escolhendo por regra os lugares circundantes à barraca. Era sempre a mesma merda. Alguém tinha de cair nela mais tarde ou mais cedo. Foi naquela tarde do último dia de férias.
O cão, o Cherreque, era tão feio e rafeiro como os donos: estava sempre à espera de uma brecha para se atirar a qualquer pedaço descuidado, aproveitava qualquer desatenção dos veraneantes para surripiar uma sandes, um naco de pão, ou uma “bola de berlim”. O “furto de formigueiro” era a sua especialidade e por mais comida que houvesse ingerido nada lhe sabia tão bem como o que subtraía aos incautos. Melhor que isso só virar um caixote de lixo e esventrar os sacos de plástico em busca de aparas, disto ou daquilo. Em resultado dessas incursões o cão sofria de desarranjos intestinais, cagava por todo o lado, escolhendo por regra os lugares circundantes à barraca. Era sempre a mesma merda. Alguém tinha de cair nela mais tarde ou mais cedo. Foi naquela tarde do último dia de férias.
Joshua Magellan
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