sábado, 13 de outubro de 2012

Crónica Benzodiazepina


As mulheres e os saldos

 - Estou com vontade de escrever sobre a possibilidade de certas mulheres poderem ser conquistadas em saldo. Refiro-me aos relacionamentos, engates, romances, coisas que podem até resultar em casamento. Oportunidades que surgem do nada, só possíveis porque pequenos ou grandes defeitos baixam os custos da abordagem.
 - Queres dar-me um exemplo?
 - Eu sei que este texto não vai favorecer a minha imagem, mas tens de reconhecer que um pêlo numa mama é coisa difícil de engolir.
 - Que horror!
 - Vês! E tu és mulher. Imagina que sou confrontado com uma mama e um pêlo espetado. A maior parte dos homens vê aquilo como um logro, mas eu quando olho para cima e vejo um rosto belo, rapidamente percebo. Eu, que sou feio, só estou com ela porque tem um pêlo na mama. Aceito e compro. Aquela mulher tem uma fragilidade, e isso fez baixar as suas expectativas para um nível em que também sou aceitável. De outra forma nunca olharia para mim.
Uma mulher com um rosto assim, pertence à liga de elite. Eu pertenço a um campeonato distrital. Aquele pêlo é uma bênção.
 - Estás a enterrar-te tanto. Mas ainda não percebi. Se ela tem um pêlo na mama, o preço está de acordo com o que oferece. Não é saldo, muito menos bom negócio.
 - É... Claro que se olhares para o todo, o que dizes é verdade. Porém a situação piora mais, se valorizas umas mamas perfeitas. Mas se a tua chávena de chá são as caras lindas, esta é uma oportunidade única de um trolha namorar uma Grace Kelly. Neste caso é um pêlo grosso de tanto ser cortado, coisa horrível, mas também podia ser apenas uma fragilidade psicológica, ou o tique nervoso de cuspir na calçada. Não faltam defeitos de fábrica. Quanto maior é o defeito, maior é o desconto.
 - Devias ter vergonha!
 - Limito-me a ser pragmático. Há homens incrédulos com a sorte, quando deviam era estar encolhidos à espera do reverso da moeda. Se estranharem, de tão felizardos, duvidem! Não tarda elas vão começar a fazer ruídos estranhos com a garganta, ou...
O homem está muito bem sentado na carrinha, a ver a tal mulher tirar a camisola, a desabotoar a camisa. Já saliva quando ela descobre os seios lindos de morrer. Grandes mas firmes. Nem uma carta de poker conseguias segurar na quebra por baixo das mamas. Uma visão dos céus.
 - Silicone.
 - Nada disso! Tudo natural. Alimento para a alma. O pior é quando mais tarde ela despe as calças, as nádegas quase desaparecem e fazem covinhas. Nádegas pequenas e com covinhas...
 - Um cu de homem, queres dizer.
 - Olha que há quem se magoe num tombo destes.
 - Por outro lado, se esse homem for um recalcado, pode ter uma agradável surpresa. Um cu masculino, mas ainda assim socialmente aceite. É tudo tão relativo. Num só corpo tens dois saldos. Um para as mamas divinas, no caso de seres straight; outro para o corpo andrógino, no caso de seres diferente.
 - Começas a ver a minha ideia?! Essas mulheres são como múltiplas no totobola. Oportunidades raras. Quando ouço uma mulher dizer mais palavrões que um papagaio, levanto logo as orelhas. As palavras obscenas são como os slogans da rádio. O cabelo oleoso. Uma carteira cheia de anti-depressivos. A toxicodependência, então, é uma mina de diamantes.
 - A mim parecem minas de problemas.
 - Que nada! Precisas de ter faro. Encontrar o lado mais positivo que o defeito desvaloriza, e fazer as contas a ver se merece o investimento. Estas mulheres são verdadeiros achados. Uma mulher fragilizada, é uma mulher carente. É como a bolsa. Está em queda. Licita como podes. Se não podes, licita na mesma.
 - Isso é vampirismo.
 - É. Vampirismo de trazer por casa. Está na moda. Elas dão o que têm, descontando o que não podem. Eles fazem igual. A empatia vê-se nestes pormenores. É como o amor, mas sem ser de marca. Uma pechincha.


DuArte

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