quinta-feira, 17 de maio de 2012



Rendição

Há algum tempo atrás assisti a um espectáculo no bar do casino de Lisboa que me agradou imenso. Era uma espécie de dança do varão mas em que este era flexível, estava suspenso no tecto e tinha uma argola tipo hula-hoop na ponta inferior. A menina, vestida somente com uma tanga, subia por ali acima, fazendo muitas acrobacias com a argola, acrobacias que exigiam uma força muscular e uma coordenação de movimentos espantosa. A qualquer momento podia despenhar-se lá de cima. A miúda tinha jeito e era bastante expressiva. Pareceu-me uma mistura de dança do varão com artes circenses. O que eu gostava de conseguir fazer aquilo mas, infelizmente, as minhas aulas de ginástica acrobática, já pertencem a um passado remoto e as de dança do ventre não chegam para tanto.

Voltando ao espectáculo: adorei o final. O varão desceu lentamente com a menina sentada em cima das pernas e apoiada somente pela dobra de um dos braços no aro, de cabeça inclinada numa pose de completa rendição. Ou, pelo menos, foi assim que senti. Tocou-me aquele desfecho. Revi-me nele, naquele absoluto abandono, o mesmo que sentia nos braços de alguém que pouco tempo antes tinha deixado de fazer parte da minha vida.


Missanga

Sem comentários: