quarta-feira, 21 de abril de 2010


Diário das memórias por esquecer

10 de Abril de 2008, dia em que me apeteceu dar um espirro e levar o mundo de enxurrada… Dia de batalha acesa e de gargalhada fresca com sabor a amora… Presa num mundo desfeito e desconcertado, num mundo que não me quer, num mundo que eu certamente não compreendo. Tenho sono e não durmo, tenho fome e não me sacio. Vivo assim à espera do dia seguinte. Do dia que me faça desejar o dia que vem depois. Descarrego a minha revolta na cor desta página, procuro uma solução que foge, se esquiva, se esconde… E nada. Tudo desfocado na minha mente e para além dos meus olhos. A música, sinto-a na pele, nos poros e nas entranhas. Leva-me com ela na sua harmonia mesclada de tristeza e desencanto. Tenho medo de falar, sinto-me arguida de um processo que não quis criar e criei. Calo-me doravante, porque tudo o que disser poderá ser usado contra mim. Por isso, deixo-me esquecida no canto, para que ninguém repare na minha insignificância, no meu delito. Estes acordes matam-me, mas deleito-me na revolta e na derrota. Ergo-me de mais uma pancada da vida. Se caio, levanto-me. Não há outro caminho. É este.

Berenice Greco

2 comentários:

Duarte disse...

Gosto muito disto.

Renato Filipe Cardoso disse...

Gutural, como um dardo de saliva. Tudo o mais é aflição técnica desnecessária. Que a alma não tem pontuação.

Bill Engates