quinta-feira, 12 de agosto de 2010
Parti de mim
Por vezes, sinto que fugi. Fiz as malas e parti de mim. Não me revejo em sítio algum, nem sequer no espelho, nem no tom de voz, nem no corpo. Não me vejo diferente de quem habitualmente sou. Não me vejo e ponto. Não vejo o mundo material, físico, que me rodeia. Não faço contas de somar, nem de subtrair. Calculo mal as distâncias que separam o meu carro dos passeios. Não vejo quem comigo se cruza. Não me vejo e ponto. Não vejo futuro nem passado. Ausento-me do presente. Fico num limbo sem nome e sem vontade. Não se trata de um estado depressivo. Parece apenas que a alma não está e pendurou uma tabuleta a dizer "volto já". Está provavelmente cansada ou foi requisitada por algo cujo nome não se formula para um "up date". Mecanismo de defesa ou armadilhas do nosso próprio sistema? Entre a cápsula de mim, ou daquilo em que me transformo, e "os outros" parece haver um abismo. Não por sermos diferentes na nossa essência, mas porque estou "desalmada". Não sou gente. O tempo pára a contagem. No limbo não há chuva nem vento, sol, ou tempo. Não há nada.
Lucinda Gray
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