sábado, 19 de novembro de 2011

Crónica Benzodiazepina


A inteligência sensitiva

Sensibilidade. Sensibilidades. Formas de estar consigo e com os outros. Inteligência de alma e de pele.
Não sei porquê, mas de tudo o que me foi apresentado como passível de ser apreendido pela razão, a possibilidade de inteligir a própria sensibilidade, na sua importância efectiva sobre a vida, sobre o destino dos outros e o nosso próprio, foi sempre o que mais me apaixonou. Esta é uma matéria que analiso desde que me lembro.
Entre diversas nuances e planos, constatei sobre o assunto, a algum custo, que o Ser sensível não é aquele que sente, e ponto. Para se ser um Ser sensível, não basta sentir, porque sentir sentimos todos, coisas pelo menos… O Ser sensível é aquele que reage de acordo (de forma altruísta), ao que os outros sentem e necessitam, tendo em conta que aquilo que os outros necessitam nem sempre corresponde ao que desejam. Os Seres sensíveis percebem, mesmo sem serem pronunciadas palavras, uma série de informação que não está escrita em lado algum, não deixando esta de ser possivelmente a mais relevante das informações. Apenas pelo brilho de um olhar, pela ausência de luz num sorriso, pela forma como se conjugam as palavras aplicadas sobre um assunto que nem sequer interessa… momentos em que eles vêem de imediato o que mais ninguém vê.
Constatei outra coisa, a sensibilidade e a inteligência, na forma como esta é aplicada, não está necessariamente ligada ao nível sociocultural do portador, nem ao grau de formação académica. Não há efectivamente ligação nenhuma entre ambas. Podem ser médicos, cabeleireiros, filósofos, empregadas domésticas, arquitectos, advogados, economistas ou vendedores de flores.
Tenho o privilégio de conhecer Seres excepcionalmente sensíveis, alguns deles meus amigos.


Lucinda Gray

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